"Só feche os olhos, e ouça" diz Di Ferrero sobre o novo disco para Uol
O NX Zero não é mais o mesmo. Pelo menos é o que anuncia Di Ferrero, líder do quinteto paulistano de pop rock, em entrevista por telefone ao UOL na noite desta terça-feira (28). Com um álbum recheado de composições do vocalista, o grupo lança "Em Comum", quarto de inéditas da carreira da banda, que já contabiliza uma década de estrada.
Na primeira audição, o CD mostra mais dos mesmos hits de refrões fáceis que a banda emplaca nas FM's brasileiras. Mas, aos poucos, as faixas de "Em Comum" revelam uma produção musical mais sofisticada, com os backing vocals que lembram Kings of Leon em "Pedido" e riffs que passam perto de bandas como Foo Fighters na faixa "Hoje o Céu Abriu".
Nas letras, Di Ferrero conta que tem estudado música brasileira da década de 80 e compositores cariocas como Cartola, uma vez que está morando no Rio com a namorada, a atriz Mariana Rios. O paulista Adoniran Barbosa e bandas como Ultraje a Rigor também estão na lista. "Acho feio não conhecer esses caras", explica.
Mas foi Chico Buarque a principal influência para uma das faixas do disco. "Amo aquela música 'Cotidiano'. Me inspirei nela para escrever 'Maré'". Questionado se a banda quer se afastar das meninas que deram o aspecto de boy band ao grupo, para conquistar fãs mais velhos, Di retruca: "Com os Beatles também foi assim".
UOL Música: Com esse álbum, vocês querem se afastar das meninas para atrair fãs mais velhos?
Di Ferrero: É engraçado, isso já vem acontecendo gradativamente pelo que a gente percebe. Uma galera mais velha está indo aos shows, no começo eram só meninas mesmo. Não que seja ruim, com muita gente foi assim, com os Beatles foi assim. A gente vai crescendo, os fãs querem alguma coisa nova. Depois de "Só Rezo" para cá, a gente está sendo bem recebido pela galera mais velha. Tem um público novo se identificando com as músicas.
Faz três anos desde o último álbum de inéditas e vocês dizem que estão mais maduros. Como isso aparece nesse álbum?
Em todos os outros discos e nas outras músicas, eu precisava viver alguma coisa para escrever sobre aquilo. Nesse álbum, já existem histórias que eu inventei ou ouvi de alguém algo que me chamou a atenção. E isso é uma coisa difícil de fazer, acho que não era maduro o suficiente pra escrever e agora, depois de dez anos, eu consegui começar a fazer isso, porque não fico preso a temas e posso ir além. Esses três anos de pausa foram importantes para o meu amadurecimento, para ter novas inspirações e ver outros processos de composição.
Isso inclui a experiência com o Emicida, Kamau e Marcelo D2 no "Projeto Paralelo"?
Em "Projeto Paralelo", eu pude ver outros artistas gravando e ver como eles fazem as músicas. Fazer música com eles influencia muito. É como um curso, uma faculdade que você vai fazendo. Além disso, você vai ficando mais velho e vendo melhor como você pode encaixar as letras. E foi assim com esse disco inteiro. Ele é bem resolvido, bem mais simples, mais 'clean'. É muito mais difícil fazer um disco simples do que um cheio de coisa.
Vocês voltaram então a fazer o rock dos primeiros álbuns depois das versões rap?
Na verdade, não foi uma opção, a gente não teve tempo de pensar o que fazer. O "Projeto Paralelo" foi à parte, ele foi um disco de carreira, mas não foi uma parada que a gente fez que é o nosso estilo. Foi só a nossa mistura ali. Esse é instintivo, a gente não pensou muito.
O que vocês ouviram nesse período?
Estou ouvindo muito Sandra de Sá, que eu não conhecia. Ela chamou a gente pra fazer algumas coisas e a gente ficou muito empolgado. E muitas coisas dos anos 80 também. Como sou de 1985, a minha época era mais do Rappa, do Charlie Brown, Raimundos. Eu parei para ouvir muita coisa direito, Ultraje a Rigor, Capital Inicial, Legião Urbana, Barão Vermelho. Em casa, não tenho ouvido muito rock, apesar de fazer rock. Estou indo atrás de uns compositores antigos como Adoniran Barbosa, Cartola. Acho feio não conhecer esses caras.
Como foi o processo de escolha da capa?
A gente deixou a capa pra um artista de São Paulo que gostamos muito, o Flavio Rossi. Quando saiu a prévia do álbum no iTunes, ele fez uma ilustração pra cada música, uma melhor que a outra. Ele ouviu o disco inteiro e fez essa capa, que na verdade é um quadro gigante que a gente tirou uma foto. Ele foi em alguns ensaios, captou bem a nossa energia nesse momento. Estou pensando até em tatuar uma dessas artes.
Tem alguma dica pra quem vai ouvir "Em Comum" pela primeira vez?
Esqueça todos os álbuns do NX Zero. Só feche os olhos e ouça.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário